A cama de Procusto: melhor viver sem ela.
 
São poucas as informações sobre o mito de Procusto, já o arquétipo que esse personagem encarna é, a meu ver, um dos mais representativos do comportamento humano: fazer de si o modelo para os outros.
 
Procusto era um gigante, possivelmente ladrão. Ele fazia as pessoas deitarem numa cama ao tamanho da qual elas deveriam corresponder exatamente. Das que eram compridas demais, ele cortava as pernas e martelava as menores para seu corpo esticar. Dá para imaginar que o resultado não era coisa boa. Não era e não é, ainda hoje, seja o arquétipo encarnado por um indivíduo, uma família, um grupo social ou uma sociedade inteira.
 
Medida certa, modelo certo, jeito certo, idéia certa, crença certa... quem decide? Quem obriga? Quem obedece?
 
Essas perguntas dizem respeito às nossas relações com o mundo externo, mas valem também para nosso mundo interno. Posso me perguntar: quem, dentro de mim manda e quem obedece?
 
Assim, antes de acreditar em algo visto ou lido, e antes de repassar essas informações, deveríamos estudar fontes diversas, de preferência independentes, à luz dos interesses envolvidos na questão em foco. É pouco provável que possamos seguir os passos de Isaac Newton que, no século XVII, se dedicou a estudar os grandes matemáticos do seu tempo e do passado porque não entendia os meios usados nas previsões contidas em um livro de astrologia que havia comprado. Não precisa tanto. Porém, não podemos deixar de reconhecer que as informações que nos chegam são muitas vezes contraditórias e, mesmo sendo de cunho científico, mudam ao longo do tempo. O ovo, como alimento, é um bom exemplo disso. Há também ingredientes freqüentemente usados na difusão de informações, como a desinformação, o medo, a depreciação, a sedução, o deslocamento de foco, no tempo ou no espaço.
 
Fica aqui o convite à reflexão.
 
Fica também o que desejo para cada um de nós:
A cada um sua cama - A cada um seu caminho.